terça-feira, 1 de março de 2011

Rota da Citânia | Fotos

Um trilho que poderia ser realizado facilmente em menos de três horas durou aproximadamente o dobro. As razões para tal atraso foram várias e extraordinariamente válidas, especialmente o argumento de um fabuloso dia de sol, anunciando o final do Inverno, em montes minhotos que começam a florir.

Para começar, o Museu da Cultura Castreja alojado no Solar da Ponte, em São Salvador de Briteiros (logo no inicio do trilho), surpreendeu-nos à chegada, com amostras da pesquisa arqueológica realizada em 1877 por Martins Sarmento na Citânia de Briteiros.

Após vislumbrarmos alguns “despojos arqueológicos” das memórias milenares de uma civilização perdida na vertigem do tempo, partimos para o Monte de São Romão, sítio arqueológico onde se encontra localizada a Citânia.

O caminho conduziu-nos por um bosque composto por castanheiros e carvalhos, alternado com eucaliptos e pinheiros, que crescem na margem do Rio Febras. Não foi preciso andar muito para começarem a surgir pequenas cascatas, ladeadas por velhos moinhos construídos sobre o granito, que revelam o quadro agrícola das práticas de uma terra onde as plantas serviram de alimento e matéria-prima para o vestuário e habitação das gentes de outros tempos.

O arvoredo relativamente complexo, envolvido pelos tons intensos dos líquenes, dos musgos e dos fetos, fez-se acompanhar pelo borbulhar do Febras até ao cruzamento que nos afastou temporariamente do trilho para conhecermos a cascata mágica de Portuguediz (local que vale a pena visitar, por diversos motivos que não serão aqui divulgados), e as grandes pedras graníticas irmãs designadas por “Bolos”, vizinhas de um moinho antigo repleto de mistérios (que também não serão aqui expostos).

Depois de regressarmos ao troço principal do trilho, e caminharmos mais algumas centenas de metros, a vegetação densa transformou-se com a chegada às cumeadas. As urzes, os tojos e as giestas, pintaram o caminho até ao Monte de São Romão com as suas flores amarelas. As muralhas graníticas aguardavam-nos.

Dizem os investigadores que as muralhas da Citânia revelam um “estado de guerra endémico”. Para outros “as muralhas tinham um fim meramente simbólico para evidenciar poder”. O que é certo, é que percorrer a Citânia permite efectuar uma viagem no tempo de 2000 anos até a um período que antecede a chegada dos romanos à península.

A Casa do Conselho, local onde os chefes das principais linhagens da Citânia reuniam-se para conversar sobre os assuntos importantes do povoado, revelou-se um óptimo local para uma boa sesta, com o vale do Ave como cenário, recordando a rota fluvial por onde chegavam os barcos com sal e mercadorias oriundas do litoral e do longínquo Mediterrâneo.

Depois de calcorrearmos os arruamentos da Acrópole, voltamos ao trilho que nos conduziu por bosques de eucaliptos claramente maltratados pelos desportos radicais motorizados e pelos resíduos de uma civilização “pouco civilizada”.

As áreas rurais, banhadas pelo por do sol, e os caminhos empedrados do antigamente, fizeram-nos esquecer algumas “lástimas ambientais”, conduzindo-nos através de quintas e quintais até São Salvador de Briteiros, onde o Solar da Ponte aguardava, para receber-nos mais uma vez, agora com tons laranja de final de dia, no ultimo quadro de um trilho que vale a pena conhecer.


Foto 1: Bosque misto na margem esquerda do rio Febras.



Foto 2: Cascata no rio Febras a caminho de Portuguediz.



Foto 3: Portuguediz e o seu curso de água que desliza sobre as costas de um penedo de granito: difícil de descrever, difícil de fotografar.



Foto 4: Atravessando Portuguediz.



Foto 5: O vale do Ave, observado do Monte de São Romão: as torres das igrejas e os campos agrícolas destacam-se num horizonte mais próximo, servindo de fronteira a um urbanismo intenso, que se encontra diluído ao longe na paisagem.



Foto 6: A Citânia.



Foto 7: A Casa do Conselho.



Foto 8: O grupo dos “Trekkers” que participaram nesta evasão, num penedo adjacente à Casa do Conselho.



Foto 9: A Casa do Conselho observada de outro ângulo.



Foto 10: A Citânia observada de outro ângulo.



Foto 11: Regresso a São Salvador de Briteiros.



Foto 12: O Solar da Ponte: “a casa” do Museu da Cultura Castreja.

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