terça-feira, 1 de novembro de 2011

À descoberta da Serra de Valongo 01/11/2011

Aproveitando o dia de todos os santos, resolvemos agendar uma caminhada expedita em Valongo, para testemunhar os inúmeros relatos dos maravilhosos atributos paisagísticos de um local natural de referência tão perto do Porto.

Optamos por efectuar um trilho alternativo, com uma extensão de aproximadamente 11 quilómetros, que une os percursos oficiais “Verde” e “Vermelho” da Serra de Valongo.


Começamos a caminhada pelo percurso “Vermelho”, iniciando uma subida íngreme junto à ponte da Azenha, no início do estradão de Couce. Tendo como pano de fundo a Serra de Pias, pudemos observar a confluência dos rios Simão e Ferreira e os “Moinhos do Cuco”.

O percurso desenvolveu-se em direcção a Oeste, por um trilho estreito que nos conduziu até às Fragas Amarelas, um dos locais onde se pratica escalada e rappel. Convém referir que a ausência de marcação neste local originou “algumas dúvidas”, facilmente resolvidas com nosso dispositivo GPS. A partir deste ponto, encontramos uma paisagem mais aberta sobre o vale do Rio Ferreira.

Retomando o caminho, sempre a subir, alcançamos um planalto, situado sobre as Fragas do Tecto, conhecido por Vale da Tranquilidade, que nos acolheu com uma paisagem surpreendentemente campesina, repleta de cor e frescura. Este local é um miradouro privilegiado para apreciar a paisagem, nomeadamente o vale do Rio Ferreira, as imponentes cristas quartzíticas e as serranias que se erguem até ao Marão.

Seguindo para poente através do caminho florestal, avistamos a Capela de Santa Justa à esquerda, seguindo até um marco geodésico que assinala o final da subida, e uma esplêndida perspectiva da cidade do Porto.

Depois de uma breve paragem para uma sessão fotográfica à Invicta, seguimos por um largo estradão florestal rumo a cotas mais baixas, para alcançar o percurso “Verde”.

Ao longo da margem esquerda do rio Simão, seguimos por caminhos rurais antigos, onde as marcas dos rodados dos carros de bois encontram-se gravadas para sempre no solo, flanqueadas por carvalhos frondosos, antigos moinhos, e terrenos agrícolas intimistas vigiados por cabras e cães calmos.

Em Couce, um homem aparava tranquilamente a barba num terraço, utilizando um antigo espelho pendurado numa trave de madeira, entre as paredes polvilhadas de musgo de uma casa velha, enquanto um ancião de olhos esbugalhados, mirava-nos de um lugar distante, perdido nos pensamentos entre os galhos outonais de uma vinha despida.

Ao fim de alguns quilómetros repletos de história e verdura, regressamos à ponte da Azenha, encerrando um percurso circular que vale a pena conhecer e saborear.

Ficam na memória dióspiros suculentos suspensos no jardim de uma casa de pedra decorada com flores roxas, ruínas de moinhos melancólicos, estradões florestais com ciclistas e amantes da natureza, paredes de escalada e fragas que sombreiam o rio Simão, e a paisagem assombrosa da Metrópole, num surpreendentemente ensolarado dia de Outono.

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