sábado, 3 de dezembro de 2011

Rota do Maroiço | Fotos

Os dias chuvosos de Outono revelam aspectos únicos na paisagem que importa desvendar. Os amarelos, vermelhos e laranja das folhas; os doces dióspiros suspensos nas árvores aguardando uma suculenta dentada; os pequenos ribeiros transbordantes de água e fragrâncias a ervas aromáticas que tão bem temperam os “panelões” que tranquilamente fumegam pelas chaminés das aldeias... são motivos mais que suficientes para acordar cedo e zarpar rumo a um país secreto.

Os caminhos enlameados, pontuados com pequenos charcos, reflectem rasgos de céu, onde correm rápidas as nuvens em dias curtos, onde a noite chega sorrateiramente às cinco da tarde, transformando pequenos bosques lusitanos, em florestas enfeitiçadas, onde as arvores parecem não ter fim no manto de escuridão.

Nas serranias de Fafe, o vento faz-se sentir nos ossos e nas enormes pás das eólicas que giram rapidamente, fustigadas por gotículas de nuvens, gerando a energia que alimenta os povoados que se avistam mais abaixo. Depois de uma subida ao alto do Maroiço, por caminhos rurais alagados, e um trilho serpenteante pela serra, atravessamos um planalto que nos conduziu à mítica Lage Branca, ponto de observação por excelência da magnificência do Gerês, um pouco dissolvida nas brumas de um dia chuvoso, que mesmo assim revelou aspectos deliciosos de uma paisagem vasta e preciosa.

Na descida da Serra, encontramos vários grupos de cavalos castanhos cruzando o nosso caminho, logo desaparecendo entre as nuvens e os penedos esboroados que polvilham o topo dos montes.

Depois de uma paragem numa taberna minhota acolhedora, para provar o pão e o verde tinto da terra, seguimos por velhos estradões de terra e pedras, mergulhando em vales abrigados por uma galeria ribeirinha rica em carvalhos e castanheiros antigos, ladeando velhos moinhos e muros cinzentos, salpicados por folhas coloridas e pela suave neblina de um anoitecer iminente.

Atravessando os regatos de pedra em pedra, por caminhos especialmente intimistas, ricos em biodiversidade, chegamos já de noite à Queimadela, com a certeza que iremos regressar muitas mais vezes para percorrer este excepcional percurso, repleto de natureza e tradição.

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