segunda-feira, 12 de março de 2012

À descoberta da Freita | Fotos

Desta vez dirigimo-nos até às imediações de Arouca, para uma nova abordagem à Freita e ao seu monumental Geoparque, reconhecido pelo excepcional património geológico de relevância internacional, associado a uma intensa riqueza arqueológica, ecológica, histórica e etnográfica.

Começamos o nosso itinerário em Fuste, atravessando este pequeno povoado rural através da Rota do Ouro Negro. Após alguns estradões florestais ensolarados, passamos em frente a dezenas de entradas de minas rudimentares de volfrâmio ladeadas por um vale profundo e encaixado, onde o majestoso ribeiro da Pena Amarela recebe a água do ribeiro da Covela, que ali chega por um leito em escadaria formando cascatas.

Ainda na zona de mineração, atravessamos o ribeiro da Pena Amarela numa pequena ponte de madeira, para iniciar uma subida por um carreiro tradicional que nos conduziria ao lugar de Rio de Frades, inicio oficial do Caminho do Carteiro.

Esta pequena aldeia esquecida da Freita, no tempo da II Guerra Mundial foi palco de uma coexistência surpreendente pacífica de alemães e ingleses, na exploração das respectivas minas de volfrâmio. Desse período restam ruínas fantasma de um passado mineiro misturadas agora com a arquitectura rural e com as gentes serranas que ainda por lá habitam, que nos acolheram num café hospitaleiro, que permitiu retemperar forças para a magnífica ascensão que se avizinhava.

Depois de passarmos por algumas galerias das antigas minas e respectivas cascalheiras, prosseguimos, durante algum tempo, pela curva de nível, sem subir, nem descer, à vista do Rio Frades que corre, ao fundo, tumultuoso, em sucessivos meandros, por entre gargantas apertadas. Logo de seguida, iniciamos uma suave descida que nos conduziu ao pequeno pontão através do qual é feita a travessia do Rio.

Dobrado o Rio, iniciamos a subida constante até Cabreiros. À entrada do lugar, deparamo-nos com a escola primária, edifício simples da década de sessenta do século passado, depois da qual tomamos o caminho da direita que nos conduziu até Tebilhão.

O trajecto entre as duas aldeias foi de rara beleza, repleto de paisagens monumentais: do lado de Cabreiros avistam-se as deslumbrantes leiras em socalcos de Tebilhão, do lado de Tebilhão avistam-se o casario da velha aldeia de Cabreiros e o verde que cobre os seus múltiplos e pequenos campos de cultivo. Cenários impressionantes que fazem ao visitante meditar no esforço hercúleo que, ao longo dos tempos, seres humanos aí residentes, tiveram que fazer para dominar a montanha agreste e dura e construir nela uma bucólica paisagem que enfeitiça o olhar.

O regresso a Fuste foi efectuado através de um caminho alternativo, com estrada e estradões antigos de terra, que nos ofereceram vastas panorâmicas sobre a Freita, num final de tarde único, pontuado pelo movimento lento das eólicas sobre os ermos e pelo sopro da brisa fresca em jeito de epílogo de mais uma Evasão notável em terras lusas.

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