quinta-feira, 11 de maio de 2017

Por montes e vales de Arouca - GR28 | Fotos

Algures entre o Douro e o Vouga, contemplando Aveiro e o Atlântico, o Maciço da Gralheira encerra uma Grande Rota que percorre as montanhas graníticas da Serra da Freita e da Arada, assim como os vales do Paivó e do Paiva, sobre o olhar atento da Serra do Arestal e de São Macário. O seu itinerário, com cerca de 90 quilómetros, viaja por um território de rara beleza, ligando um grande número de espaços naturais monumentais, que incluem aldeias de montanha, vales e cumeadas de onde se desfrutam extraordinárias paisagens, que por vezes cruzam o azul do oceano.

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Num dia 5 de maio chuvoso, iniciamos a Grande Rota na pitoresca aldeia de Candal, nas imediações da Igreja matriz, seguindo pelo caminho que desce para Covêlo de Paivô. Entre gotículas de chuva, cheiro intenso a terra molhada, e tons fluorescentes de verde, subimos para as antigas minas do Muro, de onde rumamos para Silveiras. Em Silveiras, junto à Capela, iniciamos a descida para Cortegaça e dali para Meitriz. Atravessamos o Paiva na ponte para Além-do-Barco, num local onde o rio e a vegetação se fundem numa tela a cores pastel, acentuadas pelas nuvens rápidas que, entretanto, foram deixando o sol entrar. A GR28 continua agora sozinha deixando o Paiva para trás, passa no Sobral encaminhando-se, em seguida, para o lugar da Fonte Tinta e depois para Vilar de Servos. Antes de aqui chegar o Maciço da Gralheira revela-se em todo o seu esplendor com espetaculares panorâmicas sobre os meandros do Paiva, o esporão de Louredo e sobre Janarde. Depois de Vilar de Servos seguimos por uma antiga estrada florestal até Casais e Quintela por onde se entra em Alvarenga, terminado a nossa 1ª etapa na Hospedaria Silva, local da nossa pernoita e do famoso bife de Alvarenga.

No dia 6 de maio seguimos para a Vila por caminhos tradicionais, seguindo em direção ao lugar de Lourido de onde, por caminhos antigos e florestais, descemos até aos passadiços do Paiva, local onde efetuamos a travessia do rio. Seguimos para o Centro de Interpretação Geológica de Canelas, e para Gamarão de Cima, rumando de seguida para a Senhora da Mó, iniciando aqui a descida para a Vila de Arouca. Iniciamos a subida até à capela de Santa Maria do Monte, local escolhido para término da segunda etapa, telefonando ao Sr. Brandão para nos levar para a Casa de Campo da Quinta da Guerra em Nogueiró. O Sr. Brandão (proprietário da quinta) sempre muito prestável ofereceu-se para nos levar ao restaurante para jantar e ainda nos foi buscar no final.

No dia 7 de maio bem cedo, o Sr. Brandão levou-nos até à capela de Santa Maria do Monte onde retomamos a Grande Rota, subindo para a Portelada, seguindo até Souto Redondo e Póvoa Reguenga. Da Póvoa seguimos para Merujal, atingindo a cumeada e a via romana que liga Viseu à Invicta. Rumando para leste, seguimos aquela via até Parque de Campismo do Merujal. Daqui continuamos até Albergaria da Serra, calcorreando a antiga via romana até à Portela da Anta. Um pouco à frente abandonamos a via romana e subimos até ao Vidoeiro. Após passar as ruínas da antiga casa florestal, iniciamos a descida para Tebilhão até Cabreiros e daqui até Candal onde terminamos a Grande Rota 28.

A Grande Rota surpreendeu pela positiva, com as suas amplas paisagens até perder de vista, os recantos mágicos que os cursos de água albergam, repletos de vida e luz que se desprende da vegetação ribeirinha. As vilas e aldeias, com chaminés fumegantes e petiscos tradicionais, onde gentes de sorriso franco sabem acolher com generosidade, deixaram uma vontade de voltar, e um misto de saudade e nostalgia. Agora, com as montanhas lá longe, e com o vento e as estrelas a guiarem os lobos que contemplam o Atlântico, numa terra de lendas e sonhos, traçam-se novos caminhos que partem para outros Mundos. A Grande Rota continua.